quinta-feira, 27 de maio de 2010

Diferença de Classe


Enfermarias Hospitalares:
Uma das maiores conquistas da população brasileira com a Constituição de 1988 foi o Sistema Unificado de Saúde-SUS. A lei diz que o atendimento de saúde deve possuir:
1.Universalidade (atender a todos em todas as necessidades de saúde)
2.Equidade (atender a todos igualmente e sem privilégios).
3.Integralidade (atender bem em todos os procedimentos).
Antes, o atendimento de saúde no Brasil era para os ricos ou para os sindicalizados. A população pobre dependia dos Hospitais de Caridade onde expunham toda a sua sub-condição humana de miséria e probreza.
Com o SUS (copiado até pelo EUA de Barack Obama) a situação melhorou sensivelmente em que pese algumas mazelas no tocante ao atendimento primário (Postos e Centros de Saúde).
Mas, recentemente, uma decisão do STF, o poder mais arcaico e reacionário dos três que integram a nossa democracia, acatou solicitação do CREMERS (Conselho de Medicina do Rio Grande do Sul), instituindo a "diferença de classe" no atendimento médico. Ou seja, se alguem pagar "por fora" a complementação da internação em enfermarias, poderá ir para um apartamento individualizado com maiores regalias. Tal medida acarretará uma maciça transferência de pessoas das classes ricas e médias que pagam, e podem pagar, planos de saúde privados (mesmo exorbitantes) para os hospitais públicos, tirando a vaga das populações mais pobres já bastante sacrificadas. Ou seja o ítem 2 (Equidade) da Lei que criou o SUS foi para o espaço. Ignorância ou conivência dos nossos juízes. Acho que as duas coisas.
A crise imobiliária dos EUA foi causada pela exorbitância dos custos com saúde. Ou pagava o plano de saúde ou a prestação da casa própria. Esta última foi sacrificada e instalou-se a crise. 45 milhões de americanos não tem acesso a tratamento de saúde. Nos EUA a saúde representa 20% do PIB. No Brasil 8%.
Holanda:
País capitalista. Um país com excelente qualidade de vida, não permite nos hospitais apartamentos individuais. Aumenta consideravelmente os custos da construção e os procedimentos hospitalares.
Brasil:
A ANVISA estabelece enfermarias de 3 leitos (a mais eficiente), 4 leitos e 6 leitos no máximo. Apartamento individual é para hospitais privados e para quem pode pagar, ou seja a elite carcomida e, em alguns casos, também togada.
A importância do SUS:
1. Hum milhão de atendimentos por dia. 98% dos que procuram o SUS são atendidos.
2. Financia medicamentos caros, por preços mais baixos, para doenças como câncer, hipertensão e diabetes, entre outras.
3. Financia todas as cirurgias de alta complexidade.
4. Financia todos os transplantes.
5. Financia todo tratamento fora de domicílio.
6.Financia todo atendimento de Urgência e Emergência pelo SAMU e Rede de UPA's.
7. Está presente em todos os 7.500 hospitais da Rêde Pública do país.
A Parte Podre da "Canalha Médica" quer acabar com o SUS:
Interesses inconfessáveis de parte dos médicos associados a planos e seguros de saúde, privados, de capitais internacionais, querem privatizar o atendimento médico e também a previdência. "Não passarão". Temos que estar atentos e organizados.
Hospitais da UFRN:
Depois da UFRJ com 06 hospitais, a nossa UFRN é a que possui mais hospitais na sua estrutura: 04 (HUOL, Hospital Pediátrico Eriberto Bezerra, Maternidade Januário Cicco e o Ana Bezerra em Santa Cruz, no interior. Por que não existe, como nas unidades militares, cada uma com seu hospital, um atendimento médico, em enfermarias, destinado a seus professores, funcionários e alunos? Não no sentido do privilégio, mas no sentido de se obter maior tranquilidade para os seus membros obrigados a gastarem 1/5 do seu miserável salário com planos de saúde privados. Está aí o desfio e o nosso protesto contra a decisão do STF que, mesmo com a saída de Gilmar Mendes, parece não ter a devida noção das mazelas sociais do país.
Até amanhã.

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